Os esportes mais populares que existem possuem redes como parte essencial do seu funcionamento, portanto para os atletas sempre foi algo natural lidar com elas. Para os jornalistas esportivos também, mas com a chegada da internet, eles tiveram que aprender a lidar com outro tipo: as redes sociais.

Anos atrás, a cobertura de um jogo de futebol se resumia ao rádio, aos jornais impressos e a debates que aconteciam na televisão. Hoje, enquanto a bola ainda rola em campo, milhões de torcedores já consomem análises, memes, e até mesmo rumores de bastidores em tempo real. A revolução no jornalismo esportivo não foi apenas digital, mas também narrativa.

Com a ascensão da internet e das conexões instantâneas, veio o crescimento das redes sociais, Bianca Molina, repórter da TNT Sports, viu sua área de atuação se transformar diante de seus olhos. O jornalismo esportivo, até então tradicionalmente pautado pelos grandes veículos de comunicação, passou a ser amplamente democratizado, permitindo que qualquer pessoa, com um smartphone na mão, tivesse a capacidade de influenciar discussões, criar conteúdo e até definir rumos da informação.

Bianca Molina utilizando um tripé móvel e seu celular como ferramentas de trabalho.
(Crédito: Arquivo pessoal)

No caso de Bianca, ao iniciar na faculdade em 2006, seu sonho era trabalhar com jornais impressos e, além disso, a mesma era fascinada por rádio. Ambos desses formatos proporcionavam para ela uma experiência única com os esportes, mais precisamente com o futebol, o qual sempre foi apaixonada. Enquanto ainda estava na faculdade, ela presenciou e acompanhou de perto a ascensão no meio digital do X (antigo Twitter) e do Instagram, vendo todas as mudanças acontecendo. Bianca diz que o impacto realmente foi muito grande, tanto positiva como negativamente, e que talvez isso esteja na mesma proporção.

A mudança das táticas com a internet entrando no jogo

Ana Lucia Tsutsui (Créditos: Arquivo Pessoal)

Ana Lucia Tsutsui é jornalista, professora e pesquisadora sobre comunicação midiática e futebol, e afirma que o jornalismo esportivo é uma das áreas com maior espaço midiático, portanto com a chegada da internet, houve uma proliferação de portais, blogs, web rádios, canais e etc, se tornando praticamente impossível de mapear essa quantidade. De acordo com ela, a grande transformação que ocorre  está no conceito tradicional de jornalismo, especialmente no trato do profissional com a fonte.

Esse impacto também é notado por Bianca. Para a repórter, uma das partes negativas é a propensão das fake news, algo que já é uma discussão no meio jornalístico há alguns anos. Como na internet a informação se propaga em uma velocidade muito grande e a maioria das informações não passam por filtros para comprovar a sua veracidade, o jornalista esportivo passa a ser mais cobrado e precisa ser mais criterioso com a checagem, que é uma etapa fundamental na construção de uma notícia.

Alexandre Praetzel, jornalista e comentarista do BandSports, aponta que essa visão é amplamente notada por quem é do meio, pois não existe mais apuração atualmente, nada é checado e qualquer coisa que uma pessoa decida publicar já se torna notícia, criando uma inversão de valores dentro do ramo jornalístico. Na opinião dele, hoje os bons profissionais, os apuradores, investigadores, e aqueles que trabalham bem a informação e que tem conteúdo, são subjugados de uma maneira negativa.

Fulano de tal e Alexandre Praetzel no programa “Primeiro Tempo”, da BandSports. (Crédito: Reprodução)

Investigar e se aprofundar nos temas e notícias vem se tornando algo raro no mercado, considerando a fome pelo conteúdo novo e o imediatismo com que o público consome algo nas redes sociais. Esse aspecto influencia o escopo do trabalho de um jornalista nesse cenário. Gabriela Montesano, que trabalha no ramo há 15 anos e praticamente viu toda essa evolução da internet acontecer dentro do jornalismo, comenta que hoje em dia as notícias não se aprofundam tanto nas histórias como antigamente, e isso é um aspecto que a jornalista sente falta.

Essa percepção de Gabriela chega a ser abordada no documentário “The Rise of the Sports Influencer” (BBC, 2021), que mostra como o conteúdo esportivo nas redes sociais muitas vezes prioriza entretenimento e viralização ao invés da análise aprofundada, algo que era comum no jornalismo tradicional. A obra questiona: “Será que a busca por cliques está substituindo a busca por contexto?”

Gabriela trabalhou por 6 anos na equipe de comunicação do São Paulo Futebol Clube. (Crédito: Arquivo pessoal)

E talvez essa pergunta realmente seja pertinente. Será que o jornalista esportivo atualmente está disposto a pagar o preço da velocidade? Em um ambiente onde o tempo se tornou um luxo escasso, o que se perde quando a pressa se torna uma regra?

O impacto na rotina jornalística

Com isso, outro impacto importante a ser levado em conta é o tempo que os processos levam para serem executados, como afirma o jornalista Sergio Gandolphi. Atualmente ele trabalha como diretor de novos negócios na NWB (Network Brasil), que é a maior rede digital do Brasil focada em esporte com canais originais. Para exemplificar isso ele cita uma história de quando Adriano Imperador assinou contrato com o São Paulo. Isso aconteceu no fim de 2007, quando Sérgio trabalhava na revista Lancel e era setorista do clube. Por ser fim de temporada no futebol brasileiro, as maiores pautas e fontes de notícia eram as transferências do mercado da bola.

O jornalista conta que ao receber a confirmação do novo reforço para o São Paulo, iniciou os processos de preparação da edição da revista do dia seguinte, elaborando a capa, a projeção da nova escalação do tricolor paulista e outros tipos de assuntos que pudessem ser interessantes para somente serem debatidos. Em seguida, ele prevê como isso aconteceria hoje em dia, considerando que a informação teria que ter sido publicada quase que imediatamente, falando que hoje com as redes sociais, em quatro horas o assunto já foi explorado e oito horas da manhã do dia seguinte sua notícia já está totalmente repercutida.

Em um relatório de 2020 da Columbia Journalism Review, especialistas apontaram que o ciclo de notícias se tornou até 20 vezes mais rápido com o impacto das redes sociais. Isso fez com que os jornalistas começassem a trabalhar sob uma lógica quase contínua de produção, algo que também contribui para o aumento do burnout e da precarização da rotina jornalística.

Os aspectos positivos da transformação digital

Pensando assim, a conclusão é de que os impactos foram apenas negativos? Praetzel afirma que um dos impactos positivos de ter apostado na produção de conteúdo independente e começado a utilizar a internet como ferramenta de trabalho é que o seu canal do YouTube, por exemplo, é um espaço individual, no qual ele pode falar e publicar sobre o que ele achar pertinente. Ele explica que o YouTube se tornou uma boa plataforma para o trabalho do jornalista que busca essa independência, e o mesmo menciona que ela é benéfica até financeiramente, já que proporciona uma renda extra somada a possíveis outros trabalhos. E quem concorda absolutamente com isso é Sérgio, dizendo que a ascensão das plataformas digitais e das redes sociais são a 8° maravilha do mundo para o jornalista. Ele argumenta que esse fato criou a oportunidade do profissional ser seu próprio chefe, ser dono da própria rede e ganhar mais dinheiro com isso, dando até exemplos de André Hernan, que consolidou sua carreira como repórter na Globo e chocou a mídia quando decidiu finalizar seu período por lá para focar totalmente no seu canal próprio, e que faz parte da rede de canais originais da NWB.

Um outro impacto positivo, citado por Bianca, é a democratização da informação. Para ela, a democratização representa uma revolução na forma como o esporte é acompanhado e narrado. Ela destaca que, atualmente, qualquer pessoa com acesso à internet pode produzir conteúdo relevante e de qualidade, quebrando barreiras que antes limitavam o acesso e a produção de notícias esportivas apenas a profissionais vinculados a grandes veículos de comunicação. Essa mudança não só ampliou a diversidade de vozes, como também aproximou o torcedor das fontes de informação, permitindo uma interação mais direta, ágil e autêntica entre o público e os acontecimentos esportivos.

Nunca antes na história, o torcedor teve o acesso tão direto e imediato a informações sobre seu esporte favorito. Antigamente, os canais tradicionais eram as únicas fontes de notícias, limitando a participação do público e, muitas vezes, restritas ao acesso de quem já estava inserido nos grandes veículos. A pesquisa TIC Domicílios (2022), conduzida pelo Cetic.br, apontou que 84% dos brasileiros conectados usam a internet para acompanhar esportes, seja por meio de vídeos, análises ou transmissões ao vivo. Isso demonstra como as redes sociais e as plataformas digitais deram voz a novos agentes de informação, sejam eles influenciadores, torcedores e jornalistas independentes, mudando a lógica da produção e do consumo de conteúdo esportivo.

A inclusão feminina no jornalismo esportivo

Atualmente o streaming pode ser considerado como o formato de mídia digital que mais se destaca, tendo tanto opções de transmissões gratuitas como Youtube e Twitch, mas também as opções pagas que são Prime Video, Disney+ que é onde a ESPN está inserida, HBO Max que é onde a TNT Sports se apresenta, Paramount+ e etc. Gabriela comenta que como mulher dentro desse mercado esportivo, o começo é sempre muito difícil para ter oportunidades, e que com essa transição as mulheres conseguem ter mais voz e papel de protagonistas, porque muitas delas querem chegar em um ponto na carreira para se apresentarem na TV, criarem conteúdo e serem relevantes, mas que dificilmente esse passo era dado diretamente. Com a mídia alternativa, ela e outras conseguiram crescer e mostrar seu trabalho para abrir esse caminho.rnalistas mulheres conquistando espaço na cobertura esportiva

Gabriela conta a história de quando fez a cobertura da Copa do Mundo masculina na Rússia, em 2018, para produzir um documentário por conta própria. Nele, ela aborda o papel da mulher dentro de uma competição tão masculina, onde os protagonistas são os homens e a questão é: como uma mulher se tornaria relevante nesse cenário? A resposta veio de diversas formas, inclusive através de fatos históricos. Segundo a própria FIFA, a Copa de 2018 foi a primeira a contar com narradores e comentaristas mulheres nas transmissões oficiais, tanto em redes nacionais quanto internacionais. No Brasil, por exemplo, a jornalista Renata Silveira tornou-se uma das primeiras mulheres a narrar partidas de Copa do Mundo pela TV aberta, marcando um avanço simbólico na ocupação desses espaços. Além disso, o torneio contou com um número recorde de jornalistas e repórteres mulheres credenciadas para a cobertura, representando aproximadamente 14% do total de profissionais da imprensa no evento, de acordo com dados divulgados pelo Comitê Organizador Local e pela própria FIFA.

Outro marco importante foi a presença da croata Iva Olivari, que atuou como chefe de delegação da seleção da Croácia e esteve no banco de reservas durante os jogos. Essa foi a primeira vez na história das Copas masculinas que uma mulher ocupou uma posição tão alta dentro de uma comissão técnica, algo que foi amplamente reconhecido como símbolo de avanço e representatividade no meio esportivo.

A relação da audiência com os novos tipos de rede

O contexto das oportunidades ajudou também as pessoas que tinham projetos individuais, e Pedro Oliveira, mais conhecido nas redes como “Pedro Fut”, foi uma das pessoas que souberam aproveitar isso. Ele começou criando conteúdos independentes, e posteriormente se formou como jornalista, fazendo um percurso incomum atualmente. Pedro afirma achar o cenário atual interessante por oferecer mais facilidades e acesso à informação, permitindo a realização de um trabalho mais elaborado, com opiniões mais detalhadas sobre os temas e uma melhor preparação para outros projetos.

Pedro atuando como comentarista em uma partida do campeonato egípcio.

Outro ponto que ele aborda é sobre o “para quem se produz”, pois com tanto volume de opções para se consumir, sempre vai existir um público para te ouvir, seja ele grande ou muito pequeno. Pedro cita como exemplo os fãs do futebol árabe que querem acompanhar o campeonato que vem crescendo esportivamente e midiaticamente nos últimos anos. Isabella Ayami, apresentadora do BandSports, concorda com esse argumento, e opina que a internet dá mais liberdade para explorar não só um campeonato ou um jogo, mas também o esporte que você quer, pois ela dá o espaço e a ferramenta para conseguir atingir de maneira mais próxima as pessoas interessadas naquele nicho. Ela afirma que, normalmente, na TV aberta, não há um espaço grande para se falar de surfe, mas através de um canal independente nas redes, você consegue ter essa oportunidade.

Essa mudança de lógica na produção de conteúdo esportivo é reforçada por casos como o de Fred Bruno, que se popularizou no canal “Desimpedidos”, e Casimiro Miguel, mais conhecido como “Cazé”. Ambos se destacaram ao explorar o ambiente digital de forma autêntica, criativa e conectada com o público jovem. Fred conseguiu ter um grande alcance nacional usando seu carisma e sua linguagem informal no Youtube, e hoje é apresentador na TV aberta e em multiplataforma

Fred conseguiu ter um grande alcance nacional usando seu carisma e sua linguagem informal no Youtube, e hoje é apresentador na TV aberta e em multiplataformas, além de ter sido repórter oficial da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo de 2022 pela CBF TV, demonstrando como o digital também funciona como uma vitrine para oportunidades mais tradicionais, como televisão e eventos oficiais.

Já Casimiro rompeu a barreira entre comentarista e streamer, se consolidando como um dos maiores nomes da cobertura esportiva via internet. Suas transmissões ao vivo no YouTube e na Twitch, especialmente durante a Copa do Mundo de 2022, quando obteve os direitos de exibição de jogos com a FIFA+, quebraram recordes de audiência, ultrapassando 3 milhões de espectadores simultâneos na Cazé TV. Ele mostrou que é possível unir entretenimento, informação e engajamento em tempo real, de forma independente e com um alcance inédito.

A ascensão desses nomes também evidencia uma mudança na percepção do papel do jornalista esportivo. A credibilidade hoje passa também pelo engajamento, pela narrativa pessoal e pela construção de autoridade nas redes. Essa transição acaba se tornando uma alternativa aos modelos tradicionais de atuação profissional e demonstra que o jornalismo esportivo contemporâneo é, cada vez mais, um campo de múltiplas entradas e possibilidades.

Também é preciso notar o quanto esse fenômeno fez com que a lógica do jornalista mudasse ao fazer o seu trabalho buscando atingir métricas das redes, pois Gabriela diz que a forma como se escreve um texto, uma estrutura de reportagem em vídeo, um roteiro audiovisual realmente mudou justamente pelo que o gosto do público vem se alterando. Segundo a pesquisa “Jornalismo e Plataformas Digitais no Brasil”, realizada pelo Instituto Reuters em parceria com a Universidade de Oxford (2022), 73% dos jornalistas brasileiros entrevistados relataram que as métricas de audiência nas redes influenciam diretamente nas decisões editoriais, modificando desde a pauta até a forma de abordagem das notícias, deixando claro como está acontecendo uma adaptação cada vez mais evidente da prática jornalística de acordo com as preferências do público digital.

Novas formas de produzir conteúdo

Com a migração do jornalismo esportivo para a internet, surge uma reflexão quanto ao profissional que está transmitindo a informação ao público: o que difere o jornalista do influenciador digital e criador de conteúdo é apenas o diploma?

Ana Lúcia defende que apesar de não ser contra os especialistas, ou seja, os criadores de conteúdo, a formação se torna essencial no que diz respeito a entender os princípios básicos do jornalismo, que consistem em realizar um trabalho sério de apuração, além de possuir fontes com credibilidade e saber cruzar opiniões. Partindo dessa diferenciação, para Sérgio, grande parte das pessoas que trabalham com a internet nesse meio querem ser apenas comunicadores, ou seja, querem replicar uma informação nas redes sociais que já foi filtrada, apurada e noticiada por alguém que é de fato, um jornalista.

Essa diferença de posturas evidencia um ponto central do debate atual: enquanto o influenciador ou criador de conteúdo tende a se posicionar com base em opinião e entretenimento, muitas vezes sem compromisso com a apuração rigorosa, o jornalista tem como pilar a responsabilidade ética da informação. Isso se torna especialmente sensível em coberturas esportivas, onde a paixão do torcedor pode ser facilmente manipulada por narrativas parciais ou sensacionalistas.

O perfil do novo jornalista esportivo

Com esse novo cenário, no qual jornalistas e comunicadores digitais compartilham o mesmo espaço de audiência, uma reformulação do próprio perfil do jornalista esportivo é necessária. A internet e as redes sociais não apenas mudaram a forma como consumimos esporte, mas também redefiniram o papel de quem o cobre. No lugar do repórter que chegava aos estádios com um cinegrafista e um gravador, surge agora a necessidade de um profissional multifacetado, conectado em tempo real e pronto para atuar em várias plataformas ao mesmo tempo.

Ana Lúcia afirma que tanto para os novos profissionais quanto para os jornalistas antigos que se centravam em meios tradicionais da comunicação e estão adentrando o digital nos dias de hoje, a exigência principal é a mesma: domínio de linguagens multiplataformas. A linguagem na internet é híbrida em todos os sentidos, não é puramente jornalística ou puramente publicitária, televisiva, ou sonora, mas junção entre todas elas. Sendo assim, é imprescindível que o jornalista esportivo esteja preparado e tenha essa versatilidade.

Para os jornalistas Praetzel e Thiago, além do domínio das linguagens multiplataformas, também é necessário que os novos profissionais tenham base cultural e histórica. É essencial que, para quem esteja adentrando a área do jornalismo nos dias de hoje, o hábito da leitura e da escrita estejam bem firmados, pois mesmo com tantas mudanças aconteceram na profissão, a essência do jornalismo que é basicamente um bom texto, uma boa apuração e uma boa edição não pode ser deixada para trás.

Para os profissionais mais experientes, que durante anos trabalharam no modelo tradicional e agora se encontram imersos nesse novo cenário digital, Bianca destaca que a adaptação é uma habilidade extremamente necessária. A linguagem, a velocidade e a forma como o jornalista se comporta na internet é diferente do que é realizado nos meios tradicionais de comunicação. Enquanto no rádio e na TV o profissional precisa ser mais formal, na internet o dinamismo e a espontaneidade são características fundamentais. De acordo com a pesquisa “Perfil do Jornalista Brasileiro” (Fenaj/Projor, 2021), 62% dos profissionais já atuam em mais de uma função dentro da redação ou veículo. Essa multifuncionalidade é ainda mais acentuada no jornalismo esportivo digital, que muitas vezes exige coberturas ao vivo, produção de conteúdo em tempo real, uso de redes sociais, edição de vídeos e interação direta com o público.

Driblando para cima dos obstáculos e vencendo os desafios

Segundo o relatório da PwC Media and Entertainment, o mercado global de mídia digital crescerá em média 7% ao ano até 2030, com especial destaque para conteúdos esportivos, que continuarão atraindo grandes audiências por meio das plataformas digitais. Essa projeção reforça que a presença digital dos profissionais será cada vez mais relevante e estratégica, tanto para ampliar o alcance quanto para consolidar a marca pessoal de jornalistas e comentaristas.

Leonardo Jens trabalhando em uma transmissão da Liga Europa da UEFA.
(Crédito: BandSports)

Leonardo Jens, comentarista e coordenador do BandSports, faz uma declaração que revela uma perspectiva madura e ponderada sobre os rumos do jornalismo esportivo. Ele relata que, embora tenha inicialmente resistido à entrada nas redes sociais, percebeu que essa presença é fundamental para quem atua na frente das câmeras. Para ele, as redes sociais permitem alcançar públicos que dificilmente assistiriam à uma transmissão ao vivo, funcionando como um canal complementar e poderoso para divulgação e interação. Ele destaca o desafio de administrar o tempo gasto nessas plataformas, pois o consumo e produção de conteúdo podem facilmente se tornar uma distração ou um desgaste mental. O comentarista aponta que o conteúdo deve ser pensado especificamente para cada plataforma, respeitando a linguagem e o formato que o público espera, por exemplo, o uso de vídeos curtos e dinâmicos no Instagram e TikTok, em contraste com o conteúdo mais detalhado e analítico da TV. Sua experiência mostra como a relação dos profissionais da área com o ambiente digital não é uniforme: há resistências, adaptações e escolhas estratégicas que refletem tanto o perfil pessoal quanto os caminhos da carreira de cada um.

Leonardo permaneceu fora das redes sociais até o início de 2025, decisão rara entre jornalistas atualmente. Essa postura inicial, contrasta com o cenário dos dias de hoje, em que a presença online muitas vezes é vista como condição essencial para o reconhecimento e a projeção profissional, por mais competente que ele seja. Assim, mais do que um espaço de autopromoção, as redes passaram a ser um canal estratégico de comunicação e distribuição de conteúdo.

Estudos recentes de pesquisadores, como Pablo Boczkowski, mostram que a cultura da aceleração da notícia nas mídias digitais pode gerar impactos negativos na formação da opinião pública e no consumo consciente de informação. Gabriela reforça esse risco, defendendo que o jornalista deve funcionar como um filtro confiável em meio ao excesso de informações, mesmo quando isso significa perder o “furo” para garantir a veracidade.

De modo geral, os profissionais concordam que o futuro do jornalismo esportivo estará cada vez mais atrelado às plataformas digitais e ao uso de novas tecnologias, consolidando uma presença online como parte integrante da carreira. Porém, reforçam que a inovação deve caminhar junto com o compromisso ético e a busca pela qualidade, para que o jornalismo não se perca em meio à superprodução e ao imediatismo. O desafio será equilibrar as demandas por velocidade e volume de conteúdo com a profundidade e o rigor jornalístico, em um mercado que continuará crescendo e se fragmentando, segundo as previsões de especialistas. Novas oportunidades surgirão para quem souber se adaptar, inovar e manter uma relação verdadeira com o público, mas o cuidado para evitar a desinformação e preservar a credibilidade será fundamental.